O lado bom (de te deixar)

Hoje eu consigo olhar para trás e perceber o quanto eu te amei. Acho que depois de 1 ano as mágoas se suavizam e o coração acha um meio de recordar as lembranças boas. Foi tão gostoso te amar(levando em consideração que eu tenha que tirar todas as partes ruins), foi encantador.

A maioria dos meus textos do qual você é o protagonista falam sobre dor, recomeços e amadurecimento. Eu aprendi a ser uma pessoa resolvida em todos os aspectos quando você foi embora. Aprendi a ser, sem medo. Eu cresci e passei a me colocar como primeiro plano em todos os sonhos e prazeres da vida. Descobri paixões palpáveis que me fizeram poetizar. E eu não trocaria nenhuma dessas coisas por nada, muito menos por você.

Mas, hoje eu não quero escrever sobre o quanto foi bom para o meu interior o fato de você ter ido embora. Hoje, eu quero escrever sobre a parte boa, só hoje.

Esses dias fui em um show de forró. Tenho certeza que se ainda estivéssemos juntos você não iria comigo(é muito difícil encontrar a parte positiva de nós dois, mas não desista desse texto leitor!). Tocou “Paralamas do Sucesso” e meus pensamentos foram encaminhados para aquele dia no sofá da sua casa.

Caramba. Nós não nos importávamos de ouvir “Aonde quer que eu vá” repetidas vezes, parece que a canção já era tão nossa que ouvi-lá na voz de outra pessoa parecera estranho. Nós fomos felizes, ali, naquele sofá cheio de gatinhos com cobertores espalhados pelo chão e com essa música, essa maldita música.

Nós fomos felizes naquele cinema vazio com pipocas gigantes e lugares marcados. O nosso lugar. Fomos felizes na Leroy Merlin(sim, aquela que funciona 24 horas por dia), naquelas cadeiras amontoadas de lembranças e conversas sobre o futuro.

Fomos felizes no seu quarto e no que era proibido, que para nós, sempre parecera tão certo. Lembro até hoje dos passos que ouvíamos de alguém subindo a escada. Sempre fomos duas crianças perdidas no amor. E claro, perdidos nas pizzas também. Ainda é a "portuguesa", né? Acho que nunca engordei tanto em uma época da minha vida, foi tão gostoso.

Também foi gostoso te ver dormir na praia. Assim, só nós dois contra o resto do mundo, contra qualquer opinião alheia. Pensávamos saber o que estávamos fazendo. Tolice. Te amar foi uma tolice.

Mas.. não, aquele primeiro encontro não foi uma tolice. Assim como nossas aventuras secretas com o carro do seu pai também não foram. Aliás, me diga, como não fomos parados pela policia aquele dia?

Falando em policia, lembra daquela festa a fantasia? Eu lembro. Assim como me recordo da sua boca com gosto de tequila, sempre foi a sua preferida. Pensávamos dominar o mundo com um simples beijo, mas na verdade, só tivemos um belo dia de ressaca.

Foi divertido. E isso, eu guardo só pra mim. Raramente eu lembro disso. E talvez seja nesses pequenos momentos que eu tenho vontade de saber como anda a sua vida e os seus sonhos mais banais por um lapso curto de curiosidade, que sempre acaba em segundos.

Porque a parte ruim sempre se destaca em meio disso tudo. A sua força de me tornar vulnerável naquele sofá. A música que você esqueceu quando eu precisava de um ombro amigo. Aquele cinema que você não fez questão de ir pois viver na sua zona de conforto sempre fora mais confortável. Aquelas conversas sobre o futuro do qual você não aceitava os meus sonhos, medos e desejos. Eu queria voar e você me prender na sua imagem de família perfeita. Aquele seu quarto que me remete a pressão e manipulação. Acho que eu acabei esquecendo em meio ao lençol o que eu realmente desejava. Aquele gosto de tequila na boca que se transformou em agressões verbais, dizendo(ah, como eu lembro) “o quanto eu nunca acharia alguém que me amasse como você me amava”.Portanto, esse texto não é para te falar que estou com saudade. 
É apenas para me fazer entender que valeu a pena. Nosso amor valeu a pena, e te deixar, mais ainda. 

Até nunca mais,

(seu ex amor) que está cheia de paz no interior.

Jade Hilario

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